A dinatia tudor
Tentar uma explicação sobre a formação do mito Tudor implica, antes de mais, procurar contextualizar os factos históricos que antecederam a entrada em cena desta dinastia que, de forma tão singular afirmou e consolidou a nação inglesa, com as características políticas, sociais, culturais e religiosas que fizeram desta uma nação à parte na história.
Remontando aos factos que estão na sua génese, aos séculos XI-XIII, e apesar de estar sob o domínio do Guilherme I (influência do francês do latim), deparamo-nos com uma sociedade bastante instruída que continuou a empregar, para difusão literária, e pelo povo, o old english (sinal revelador de uma verdadeira identificação nacional e cultural). A sua estrutura social assenta numa base familiar (kinship) amarrada por princípios de lealdade (allegiance) de modelo feudal, dominada, em todos os estratos, pela religião católica e pela escolástica, dependendo basicamente da sua produção lanífera e agrícola (em open-field).
Indo aos séculos XIV-XV, temos uma sociedade em profunda transformação na sua organização social, com as classes feudais a ceder lugar às classes médias e, com a Guerra das Duas Rosas (Casas de Lancaster e de York), principia o declínio das classes aristocráticas, perdendo-se a sua influência. Nos campos, as inovações técnicas na agricultura beneficiam os gentlemen farmers e a gentry “engrandece” no estatuto social. Oriundos das cidades, assistimos igualmente a um crescente enriquecimento e expansionismo além-mar das classes de mercadores e nelas é dada aos servos a possibilidade de se tornarem “freeman”. Esta nova classe média emergente, instruída e poderosa, na sequência do movimento cultural renascentista italiano, a formar-se em centros de cultura e de estudos recém-criados (Oxford e Cambridge), e o aparecimento de novas profissões (como juristas), favorece uma contestação da ordem estabelecida. Essa surge primeiro num âmbito político, sendo o alvo seguinte a