Uma experiência de leitura de "a vida de cancão de fogo" como elemento emblemático para trocas interculturais
Alyere Silva Farias (PG- UFCG) Prof. Dr. José Hélder Pinheiro Alves (Orientador- UFCG)
Pontos de partida para uma reflexão
A presença de personagens espertalhões e sagazes é marcante na literatura popular universal, e não é diferente na nordestina, que apresenta personagens como o João Grilo, que povoou desde o folheto de João Ferreira de Lima ao drama de Ariano Suassuna, mais tarde adaptado para o cinema e a televisão, o Pedro Malasartes (ou Malazartes) de Antonio Teodoro dos Santos, que foi imortalizado pela atuação de Amácio Mazzaropi no filme “As Aventuras de Pedro Malasartes”, e o menos conhecido Cancão de Fogo, de Leandro Gomes de Barros. Estes personagens são homens astutos, espertos e de uma inteligência notável, por isso são tidos como as cabeças mais astutas ou os quengos mais finos do Nordeste, por conseguirem se safar de situações difíceis ao traçar, e colocar em prática, planos bastante inteligentes, conhecidos popularmente como quengos ou quengada Dentre as obras que retratam os quengos, selecionamos o folheto "A vida de cancão de Fogo", de Leandro Gomes de Barros, para ser lido com alunos do terceiro ano do ensino médio de uma escola municipal do município de Arara-Pb. A nossa leitura considerou os aspectos a que Galvão (2001) se refere sobre o sucesso da leitura de folhetos de cordel, como a experiência coletiva de leitura, a dimensão estética da narrativa e o humor, que, para os leitores por ela entrevistados, reforçam o caráter de lazer dessa leitura, o que podemos compreender como uma experiência de recepção estética positiva. Nessa perspectiva, consideramos que a leitura possui uma importância sócio-cultural no momento de sua realização coletiva e que, se a cada gênero corresponde o que se pode considerar como um modelo de recepção, a leitura de folhetos não se prende à liturgia de leitura oficial, mas abre