Le marché
A ARGENTINA BLOQUEADA, 1998-2001 QUE VIAS PARA A SUPERAÇÃO DO IMPASSE?
Joaquim Ramos Silva
1. INTRODUÇÃO No conjunto da década de 1990, verificaram-se importantes melhorias na situação económica da Argentina. Em particular, o crescimento económico, ao contrário da década anterior, tornou-se francamente positivo, e a hiperinflação que grassara nos anos 1970 e 1980, foi controlada. Esta evolução é tanto mais de registar quanto se dava após a transição do país para a democracia, iniciada em 1983, e de um longo período de grande instabilidade política, largamente dominado por repressivas ditaduras militares. Todavia, tendo em conta os objectivos que nortearam as reformas lançadas no início da década de 1990, os resultados não podem deixar de ser considerados algo desapontadores: a economia argentina ainda não encontrou um ritmo de crescimento minimamente regular nem uma integração sustentada na economia mundial. Mais, a tendência profunda à estagnação económica foi estancada durante algum tempo, não claramente invertida e os anos 19982001 evidenciaram de novo as dificuldades em progredir e recuperar atrasos. Vejamos os dados empíricos desta crise com algum detalhe (Quadro 1). Embora a taxa de crescimento se tenha situado a um nível bastante razoável (4,2% em média anual durante 1991-2000 enquanto fora de -0,7% em 1981-1990), o país conheceu duas importantes recessões (em 1995, -2,8% e em 1999, -3,4%). Apesar da primeira se ter revelado de curta duração, o mesmo não aconteceu com a segunda dado que, começando no 2º trimestre de 1998, cerca de três anos e meio depois, no final de 2001, ainda não se vislumbram sinais claros da sua ultrapassagem.1 Esta evolução teve importantes efeitos sociais. A taxa de desemprego por exemplo, foi de 15,1% em 2000, duplicando relativamente ao nível de 1991-92. Por outro lado, a população urbana considerada pobre pelo governo era de 35,3% em 1999, aumentando em relação a 1998 (32,4%); e a parte da mesma