Uma aproximação entre balzac e goethe: ilusões perdidas e os anos de aprendizado de wilhelm meister
Por Isabella C. Stangherlin Santucci (trabalho de conclusão do curso TL 152 A – Tópicos XIV: Textos em Prosa de Ficção III da Universidade Estadual de Campinas
Se “é a ação que verdadeiramente nos compara aos outros" (GOETHE, 1994, pág. 479), não seria de outra forma, senão com a análise das atitudes tomadas por dois grandes romancistas em suas respectivas épocas e com a difícil exploração da posição social e intelectual adotada por dois de seus maiores protagonistas, que essa dupla exposição crítica assim se iniciaria.
Ao retratar a história e experiência cotidiana de personagens anônimos, além de representar as diversas reações destes diante de um mundo em transição, repleto mais de vícios do que de virtudes, o romance, de acordo com Ian Watt, será o reflexo da busca da verdade como uma questão inteiramente individual. Logo, para Goethe, poeta burguês imerso no Sturm und Drang e na formação do incipiente nacionalismo alemão, o tratamento da realidade, a qual, como bem ressaltou Barthes, só pode ser creditada pelo próprio referente, isto é, a própria sociedade, será diverso daquele que apresentará Balzac, monarquista que viu as mudanças políticas e sociais desfazerem suas maiores ilusões de classe.
Como ícone do Bildungsroman, forma literária de cunho, assim, realista, Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister estará enraizado nas circunstâncias históricas, literárias e culturais da nação germânica e, acima desta, da burguesia européia. Sentindo a Revolução Industrial que se avizinhava para abolir o Estado Absolutista e feudal, Goethe soube compreender a importância do papel econômico e político de uma burguesia que lutava por reconhecimento numa sociedade de mentalidade classista e que ansiava pela cultura de mérito adquirido, não mais herdado, durante os fervorosos anos da Revolução Francesa. Em suma, pode-se afirmar que o autor alemão anunciou a égalité