Antropofagia e esquizoanalise

4526 mots 19 pages
Esquizoanálise e Antropofagia * Suely Rolnik

«Talvez só Deleuze e Guattari tenham praticado essa esquizoanálise, e talvez alguns de seus leitores (...) Atribuir-lhe a praça pública (...) teria sido territorializála.» Esta é a situação da esquizoanálise em 1988, segundo François Regnault, num ensaio que integrou o Dossiê Deleuze, editado naquele ano pelo Magazine Littéraire 1 . Curiosamente, o Brasil parece destoar desse quadro: a esquizoanálise encontra um solo fecundo nas práticas clínicas locais, principalmente as psicanalíticas, já no final dos anos 70; e desde então, ela só vem proliferando. Contudo, que não se espere encontrar aqui uma escola esquizoanalítica: concordando com Regnault, isso seria risível, pois iria à contramão das idéias de Deleuze e Guattari (embora nada impeça que se queira transformá-las em breviário de uma nova escola). A esquizoanálise está presente no exercício clínico e teórico de alguns psicanalistas, pertencentes ou não a associações psicanalíticas, que recorrem à obra de Deleuze e Guattari; também no trabalho que se desenvolve com grupos e instituições, vinculado sobretudo à psicose; e, ainda, em programas de pósgraduação de psicologia clínica, onde núcleos de pesquisa vêm estudando essa obra e produzindo um número significativo de teses de mestrado e doutorado. Pode-se dizer, ainda, que a esquizoanálise habita, embora não explicitamente, o imaginário de analistas de diferentes filiações - e não só dos que a reivindicam -, convocando, em seu fazer teórico, uma sensibilidade à emergência do novo. Em outras palavras, ela funciona neste âmbito como uma espécie de chamado à dimensão crítica da clínica 2 . Terá o quadro esboçado por Regnault mudado tanto de 1988 para cá? Pareceme que não. Então, o que faz do Brasil essa exceção no solitário destino da esquizoanálise? O tradicional fascínio do brasileiro pela cultura francesa - que, evidentemente, incluiria os psicanalistas? Se assim fosse, essa influência poderia limitar-se a uma

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